Raissa Florence, mãe e cofundadora da startup Korú, defende assertividade feminina, cobrança de parentalidade masculina e mais oportunidades de liderança para mulheres como soluções para a baixa empregabilidade das mães no Brasil
Para incentivar a entrada das mães no mercado de trabalho, a partir do dia 2 de maio (segunda-feira), a Korú abre bolsas integrais de todos os seus cursos para mães. Com foco nas profissões mais procuradas pelas empresas atualmente, os cursos são de Engenharia de Dados, Produtos Digitais e Marketing Digital. Mulheres que são mães, e filhos que querem dar um curso de presente às suas mães, podem fazer a inscrição pelo site www.escolakoru.com.br. No caso do presente, a pessoa receberá uma carta personalizada para ser entregue à mãe.
No mês em que se celebra o Dia das Mães, a escola também realiza duas lives, transmitidas pelo Instagram da Korú – @escolakoru – nos dias 10 e 12 de maio, sempre às 19h30, com uma hora de duração. O tema da primeira, no dia 10, é Maternidade e empregabilidade e terá apresentação de Raissa Florence, com participação de Paula Souza, mãe e fundadora da Mãellenials, plataforma que conecta mães às oportunidades do mercado. A segunda live, no dia 12, será sobre Parentalidade masculina, apresentada pelo cofundador e COO da Korú e especialista em diversidade e inclusão Caio Zaio.
Quando engravidou, a primeira coisa que Raissa Florence pensou foi “minha carreira acabou”. Mas, depois de se tornar mãe, ela não apenas cresceu na empresa onde trabalhava, como saiu de lá para ser sócia e diretora comercial de uma outra organização e fundar a accesstech Korú – uma aceleradora de oportunidades que une as qualidades de edtech (educação) e hrtech (recursos humanos). Ao contrário do que pensava, sua carreira decolou.
Essa, porém, não é a realidade geral brasileira. Segundo o estudo de Estatísticas de Gênero, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, apenas 54,6% das mães de 25 a 49 anos que têm crianças de até três anos estão empregadas. A maternidade negra, nesta mesma situação, representa uma taxa ainda menor: menos da metade está no mercado de trabalho (49,7%). Afinal, quais são as barreiras que impedem que as mães se mantenham no mercado de trabalho e cresçam profissionalmente?
Para Raissa, existem diversos motivos para a baixa empregabilidade das mães e eles estão interligadas. O primeiro é como as mulheres se sentem com relação à maternidade: ansiosas, culpadas e inibidas. “As mulheres ainda se preocupam em encontrar o ‘momento certo’ para ter um filho, de forma que não prejudique suas carreiras. Quando engravidam, têm medo de contar para o chefe, é um tabu. Mas as escolhas pessoais de uma mulher não deveriam ser um ponto de discussão dentro das empresas. Minha assertividade no trabalho me ajudou a me posicionar e mostrar que a maternidade não interfere no meu profissionalismo. Precisar de horários mais flexíveis, por exemplo, não significa uma entrega menor de resultados, é apenas uma adaptação da rotina”, afirma.
A insegurança das mulheres está conectada à visão dos homens sobre a maternidade e à falta de comprometimento dos mesmos quando o assunto é cuidar dos filhos. “Pouco se fala sobre o dever da parentalidade masculina. A obrigação é sempre da mulher. Um homem nunca é questionado em uma entrevista de trabalho sobre a vontade de ter filhos ou sobre como tê-los mexe com seu dia a dia. Dentro do mercado de trabalho, sempre faço a seguinte provocação aos homens: ‘O que vocês fazem para apoiar as mulheres?’. Vejo muitas delas interrompendo a carreira por acreditarem que se elas não cuidarem dos filhos e da casa, ninguém o fará. Então, será que a recorrente escolha de largar o trabalho para se dedicar à maternidade é tão livre assim?”, questiona Raissa.
Há ainda um agravante: a predominância da liderança masculina no mercado de trabalho. De acordo com Raissa, atualmente 80% das lideranças das empresas privadas no Brasil são formadas por homens e, no terceiro setor, no qual as mulheres estão amplamente presentes, apenas 23% das lideranças são femininas. “Ou seja, temos homens criando políticas empresariais que não abrangem as necessidades das mulheres e isso acontece, muitas vezes, por desconhecimento das necessidades. Foi depois de expor minha dificuldade de coletar o leite materno com privacidade que foi criado um espaço para isso na empresa onde eu trabalhava”, analisa Raissa. “Ter mulheres na liderança é colocar as necessidades das mulheres na mesa. Não precisamos de um chá de bebê dos colegas de trabalho, precisamos de estabilidade no emprego, de flexibilidade nos horários e precisamos ter voz. E quando estamos fora do mercado de trabalho, precisamos ser contratadas. Empresas que contratam grávidas ainda são vistas como cases, mas isso deveria ser regra”, completa.
Com experiência em recrutamento, Raissa busca criar oportunidades para mulheres e mães. Seu time é treinado para ouvi-las. “Foi assim que contratamos uma mãe de gêmeos com 2 anos de idade. Pesquisei a história dela no LinkedIn e disse ao entrevistador que ela com certeza tinha demandas que precisavam ser ouvidas para que a empresa e a profissional chegassem a um acordo que fosse bom para ambas”, conta. Tanto a Korú quanto a Contabilizei estão dentro do programa do governo federal Empresa Cidadã, o que significa que seus colaboradores têm mais tempo para se dedicar a um filho recém-nascido: para mulheres, o tempo de licença aumenta de 4 para 6 meses e, para os homens, de 8 para 20 dias. Na Contabilizei, 56% do time é formado por mulheres, que também são 52% na liderança, e a Korú foi criada em 2021 com a premissa de ter uma equipe o mais diversa possível e hoje formada por um time com 50% de mulheres, sendo duas delas mães e co fundadoras da escola.
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SOBRE RAISSA FLORENCE
Formada em Relações Internacionais e Economia e pós-graduada em Análise de Dados. Sócia & Diretora Comercial na Contabilizei e confudadora da accesstech Korú, atuou como Sócia e Head Comercial na Remessa Online e Líder de Startup dentro da Cremer e teve atuação forte na área de Gente & Gestão na Ambev em programas de desenvolvimento de liderança. Nos últimos anos, dedicou-se ao desenvolvimento de negócios disruptivos e a tecnologia sempre pautada em vendas e marketing. Além disso, é mentora de diversas iniciativas pautadas em educação e aceleração de pessoas no eixo da diversidade.
SOBRE A KORÚ
A Korú é uma aceleradora de oportunidades que desenvolve capabilidades para que todos e todas possam fazer escolhas ao invés de viver do que dá. Nasceu como uma escola que quebra barreiras, conectando pessoas e oportunidades. Em seu cerne está a ideia de que uma sociedade melhor nasce por meio do acesso sem barreiras à educação e oportunidades e atua para ser a transformação que o mercado precisa. Saiba mais em www.escolakoru.com.br.